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Este BLOG tem por objetivo apresentar, discutir e fomentar novas possibilidades para o ensino de literatura.





sábado, 6 de março de 2010

A carta de Pero Vaz de Caminha


A célebre "Carta do Achamento do Brasil" foi escrita por Pero Vaz de Caminha em Porto Seguro, entre 26 de abril e 2 de maio de 1500. O escrivão só interrompeu o trabalho no dia 29, quando ajudou o capitão-mor a reorganizar os suprimentos da frota.

Enquanto o restante da armada seguiu para a
Índia, o navio de Gaspar de Lemos foi despachado por Cabral para Lisboa, ao fim da estadia no Brasil, em 2 de maio. Por meio dele, a carta chegou ao seu destinatário. Das mãos de dom Manuel 1o, passou à secretaria de Estado como documento secreto, pois se queria evitar que chegasse aos espanhóis a notícia do descobrimento.

Anos mais tarde, o documento foi enviado para o arquivo nacional, localizado na Torre do Tombo do castelo de Lisboa ("tombo" tem aí o sentido de conservação, como quando se fala, por exemplo, em tombamento de uma cidade histórica). No arquivo, o manuscrito de Caminha - 27 páginas de papel, com formato de 29,6 cm X 29,9 cm - repousou esquecido durante os séculos seguintes.

Confira a Carta na íntegra:

http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/carta.html

O documento volta ao Brasil

Somente em 1773, o diretor do arquivo, José Seabra da Silva, mandou fazer uma nova cópia da Carta do Achamento. Seabra tinha ligações familiares com o Brasil. Supõe-se que por meio dele o texto de Caminha tenha chegado aqui, possivelmente com a sua transferência para o Rio de Janeiro quando acompanhou a família real portuguesa.

Essa cópia da carta foi encontrada no Arquivo da Marinha Real do Rio de Janeiro pelo padre Manuel Aires do Casal, que a imprimiu em 1817, tornando-a pública pela primeira vez. O documento ganhou particular importância para o Brasil com a Independência, em 1822.

Para o novo país, tratava-se do manuscrito que encerrava o primeiro registro de sua existência. Além disso, no século 19, com o desenvolvimento dos estudos históricos, os estudiosos reconheceram o valor dos documentos escritos como fontes privilegiadas para o conhecimento da história.

Análise lingüística

Isso se deve ao fato de o português do início do século 16 estar bem distante do português tal qual é falado hoje em dia. Alteraram-se os sons ou os significados de algumas palavras, outras caíram em desuso, novos termos apareceram.

É o caso de "achamento", usado no século 16, e substituído por "descobrimento" nos dias de hoje.

Mas a simples transcrição de um trecho do original de Caminha pode deixar mais clara a ação do tempo sobre a língua e revelar o abismo histórico que se abriu entre o português do escrivão e o nosso:

"Posto que o capitam moor, desta vossa frota e asy os outros capitaães screpuam a vossa alteza a noua do achamento desta vossa terra noua que se ora neesta nauegaçam achou, nom leixarey tambem de dar disso minha comta avossa alteza asy como eu milhar poder aimda que pera o bem contar e falar o saiba pior que todos fazer."

Texto rico e envolvente

Como o português empregado por Caminha é muito diferente do atual, não se pode ter certeza do significado de algumas palavras empregadas pelo autor.

No caso de outras, sua significação simplesmente se perdeu no tempo. Há passagens da carta cuja compreensão depende das interpretações que os estudiosos propõem para preencher essas lacunas.

Felizmente, esses problemas não chegam a prejudicar a compreensão do texto como um todo. Nem impedem que se possa "traduzi-lo" para o português de hoje.

Com a intenção de informar ao rei o descobrimento e apresentar-lhe o que aqui se encontrou, o estilo do autor é claro e marcado pela objetividade, como convém a quem escreve um relatório.

Mas o texto acaba sendo mais do que isso, pois o escrivão não se comportou como um simples burocrata. Sua linguagem nunca é seca ou mesquinha. Pelo contrario, Caminha se dá o direito de ser bem-humorado, fazendo até trocadilhos e brincadeiras ao comparar o corpo das índias com o das mulheres portuguesas.

Além disso, a grande riqueza de detalhes e as impressões do autor sobre aquilo que via dão ao relato vida e uma grande dimensão humana, Caminha acompanha não somente as ações do índios e europeus, mas também as reações e atitudes que cada grupo tem em relação ao outro, chegando a perceber as emoções que o contato desperta em ambos.

Assim, por meio da sua narrativa o leitor parece entrar numa máquina do tempo e presenciar o momento em que portugueses e índios se encontraram no litoral baiano, quinhentos anos atrás.

Duplo valor histórico

A carta apresenta também um duplo valor histórico. De um lado, tem a importância de ser o registro documental do descobrimento ou da entrada do Brasil na história universal, constituindo uma espécie de certidão de nascimento do nosso país. De outro, tem o mérito de revelar que a história se faz também a partir de fatos corriqueiros (como o "baile" organizado por Diogo Dias e seu gaiteiro), protagonizados por pessoas comuns e sem intenções de grandiosidade e heroísmo.


Sobre o Livro-Clip:

LivroClip é a moldura digital do livro, incluindo uma animação sobre a obra, trechos, biografia do autor e uma seção especial que transforma o livro em material pedagógico gratuito para uso de professores em salas de aula do ensino fundamental, médio e superior.

O site LivroClip é a construção da primeira "Livropédia brasileira", ou seja, o uso da internet para levar os livros à sala de aula, na forma de animações, dicas de uso e fórum de debates.

http://www.livroclip.com.br/?acao=quem


Os Lusíadas

Os Lusíadas de Luíz Vaz de Camões

Estrutura:

Publicado em 1572, Os lusíadas é considerado o maior poema épico da língua portuguesa. Constituído de dez cantos. Canto é a maior unidade de composição da epopéia, estando para esse gênero como o capítulo está para o romance.

Os lusíadas somam 1102 estrofes, em oitava-rima [ABABABCC]. Ao todo, são 8816 versos decassílabos.

Título:

Lusíadas - significa 'Lusitanos', ou seja, são os próprios lusos, em sua alma como em sua ação.

Herói:

O herói de Os lusíadas não é Vasco da Gama, mas sim todo povo português [do qual Vasco da Gama é digno representante].

Tema:

Camões cantará as conquistas de Portugal, as glórias dos navegadores, os reis do passado; em outras palavras, a história de Portugal.

Ação:

a ação histórica- a viagem de Vasco da Gama, onde são também apresentados fatos importantes da história de Portugal;

a ação mitológica- a luta entre Vênus [protetora dos portugueses] e Baco [adversário desses navegantes].

Partes:

1ª parte - Proposição do assunto [canto I, estrofes 1, 2 e 3]

É a exposição do assunto do poema. O poeta declara que espalhará por toda parte a fama dos heróis lusitanos que fizeram a grande viagem de descobrimento da Índia; cantará, também, a glória de reis conquistadores de África e Ásia, para onde levaram a fé cristã.

2ª parte - Invocação às musas [ canto I, estrofes 4 e 5]

Camões dirige-se às Tágides, as ninfas do rio Tejo, pedindo inspiração para a poesia.

3ª parte - Dedicatória a Dom Sebastião [canto I, estrofes 6 a 18]

Camões dedicou a sua epopéia a Dom Sebastião, rei de Portugal quando o poema foi publicado.

4ª parte - Narração da viagem de Vasco da Gama [ estrofes 19 a 1045]

Camões narra a viagem de Vasco da Gama às Índias. Em meio às peripécias da viagem, relata episódios importantes da história de Portugal.

A narrativa, que abrange a viagem de ida e a de volta, não segue a ordem linear, cronológica: quando se inicia esta parte, os navegantes já estão no meio do oceano, em plena viagem.

Episódios importantes:

Inês de Castro [canto III].

Velho do Restelo [canto IV].

Gigante Adamastor [canto V].

Ilha dos Amores [cantos IX e X].

Canto V - O Gigante Adamastor

Uma tempestade ameaça a esquadra de Gama, quando ela se aproxima do Cabo das Tormentas. Eis que uma figura gigantesca, horrenda e ameaçadora surge no ar. É Adamastor, que ameaça os portugueses, dizendo-lhes que o preço de haverem descoberto seu segredo seria alto. Profetiza os naufrágios que ocorreriam em suas águas, e os horrores por que passariam os que àquela terra viriam a ter. Vasco interpela o Gigante, perguntando-lhe quem era. Disse ser ele o Tormentório [Cabo das Tormentas]. Muito tempo atrás, apaixonara-se pela bela ninfa [deusa das águas] Tétis, a quem vira um dia sair pela praia em companhia das nereidas [deusas que habitam o mar]. Compreendendo que por ser gigante, feio e disforme, não poderia conquistá-la por meios normais, ameaçou a mãe dela [a deusa Dóris] para que essa lhe entregasse a ninfa. Caso isso não se realizasse, ele a tomaria mediante o uso das armas.

Dóris fez com que a bela Tétis lhe aparecesse nua... E ele, desesperado de desejo, começou a beijar-lhe os lindos olhos, a face e os cabelos.

Mas, aos poucos, percebeu, horrorizado, que, na verdade, estava beijando era um penedo [rochedo] e ele próprio se transformara noutro penedo. Aquela Tétis que ele vira era apenas um 'arranjo' artificial que os deuses prepararam para puni-lo por sua audácia.

Desde então deixou de ser um gigante mitológico e passou a cumprir seu castigo transformado num simples acidente geográfico. Continuava, para aumentar o rigor de sua pena, a contemplar, petrificado, a bela Tétis passeando nua pela praia.
A única maneira que encontrava para desabafar o seu desespero e a sua frustração era destruir, com fantásticas tempestades, os navios que por ele tentavam passar.


5ª parte - Epílogo contendo um fecho dramático a respeito da cobiça [estrofes 1046 a 1102]

O poeta se mostra desiludido com a sua Pátria, já antevendo a decadência de Portugal.





Sobre o Livro-Clip:


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A farsa de Inês Pereira e O auto da Barca do Inferno

As peças de Gil Vicente foram publicadas no período do Humanismo português (séculos XIV e XVI)

Quando falamos sobre a Idade Média, logo pensamos em uma época em que o pensamento religioso predominava nas mais diversas esferas da existência. Qualquer fenômeno, acontecimento ou experiência estariam atrelados a uma explicação originada nos desígnios divinos. Dessa forma, a Igreja tinha um forte papel social ao influenciar fortemente na forma em que os homens dessa época deveriam compreender a realidade que o cerca.

Ao levantar essas características, muitos estudiosos concluíram que a Idade Média fora o tempo em que o pensamento teocêntrico teve maior força. Avançando pelo tempo, tal forma de compreender o mundo se transformaria com o desenvolvimento do Renascimento. Datado entre os séculos XIV e XVI, esse movimento é amplamente reconhecido pelo oferecimento de novas formas de se pensar as expressões artísticas, as ciências e a política.

Entre tantas características, o movimento renascentista foi conhecido pela disseminação do humanismo. De forma geral, o humanismo manifesta o interesse que os intelectuais e artistas dessa época tiveram em tratar e explorar os assuntos que estivessem intimamente ligados à figura do homem. Com isso, seria firmado um contraponto em que poderíamos sugerir que os renascentistas firmavam uma clara ruptura para com os valores do pensamento medieval.

No campo das artes plásticas e da medicina, o humanismo esteve representado por obras e estudos que realizavam um exame detalhado da anatomia e do funcionamento do nosso corpo. Na literatura, as paixões e dilemas foram elementos centrais que apontavam para os sentimentos que interpretavam a natureza do homem. Até mesmo na política, vemos que a relação dos príncipes para com seus súditos tematizaram as formas do homem agir perante a sociedade.

Apesar destas evidências, não podemos dizer que a preocupação com o homem inexistia no período medieval. De fato, muitas das manifestações humanistas do Renascimento estiveram influenciadas não só pela Antiguidade Clássica, mas também por textos e ideias já notadas no decorrer da Baixa Idade Média. O contato com a cultura muçulmana, o crescimento das cidades e o nascimento das universidades marcaram o aparecimento de questões humanísticas entre vários pensadores medievais.

Podemos ver o Renascimento como a continuidade de um diálogo que se inicia na Idade Média. De fato, seria muito estranho pensar em uma época do passado em que as preocupações humanas fossem completamente deixadas de lado. Nesse ou em qualquer outro tempo, a condição humana se manifesta como o epicentro de um amplo leque de valores que tentam dar sentido à nossa existência.

Por Rainer Sousa

http://www.brasilescola.com/historia/o-humanismo.htm

Confira um vídeo sobre o Humanismo:



Confira um Clip sobre A Farsa de Inês Pereira e outro sobre O auto da Barca do Inferno:







Sobre o livro-Clip:

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Confira uma entrevista com Ferreira Gullar a cantora Adriana Calcanhoto

Nesta entrevista Gullar define o que é poesia. Diz também que quando era criança achava que poesia era uma profissão de mortos, para seu irmão poesia era coisa de maluco ...

Resumo dos perídos literários brasileiros




Também conhecidos como escolas, correntes oumovimentos, os períodos literários correspondem à fases histórico-culturais em que determinados valores estéticos e ideológicos resultam na criação de obras mais ou menos próximas no estilo e na visão de mundo. Diferenciam-se do estilo de época por terem uma abrangência maior, englobando circunstâncias como as condições do meio, as influências filosóficas e políticas, etc.
Assim, qualquer período literário (ou artístico) pressupõe:
· momento histórico delimitado (normalmente algumas décadas), onde se dá a adesão de vários escritores à normas e princípios comuns;
· conjunto similar de influências sociais, culturais e ideológicas agindo sobre as mentalidades;
· elaboração estética semelhante, seja nas técnicas de construção literária, no estilo, na temática e nos pontos de vista sobre o ser humano e a vida.

A ascensão, predominância e decadência de uma escola ou de um movimento não ocorrem arbitrariamente, apenas pela vontade dos artistas, mas resultam de um processo complexo de influências do espírito de cada época sobre os indivíduos.
Em certas circunstâncias históricas - crises políticas, mudanças violentas ou condições opressivas - a criação de uma arte nova, de um estilo novo e de uma nova maneira de registrar as coisas torna-se urgente para os escritores e os artistas em geral.
Entretanto, a vitória de uma nova corrente não apaga de todo o prestígio e a força da antiga. Podemos assistir à coexistência de movimentos opostos numa mesma faixa temporal. Logo as datas de início e fim de um período não implicam o predomínio automático de um período sobre outro, mas a tentativa de ordenação e simplificação pedagógica dos fenômenos literários.
Didaticamente, a divisão da literatura brasileira em períodos seria representada assim:


PERÍODOÉPOCACARACTERÍSTICAS
Lit. InformativaSéc. XVIVisão documental e paradisíaca da nova terra
BarrocoSéc. XVII· Expressão ideológica da Contra-Reforma
· Conflito entre corpo e alma
· Temática do desengano
· Linguagem conflituosa e ornamentada
ArcadismoSéc. XVIII· Ligação com o Iluminismo
· Celebração do racionalismo
· Razão = verdade = simplicidade
· Imitação dos clássicos
· Imitação da natureza (campestre)
· Canto da vida pastoril
Romantismo
(prosa e poesia)
Primeira metade do séc. XIX· Individualismo e subjetivismo
· Sentimentalismo
· Culto da natureza
· Imaginação e fantasia
· Liberdade de expressão
· Valorização do passado
Realismo
(prosa)
Segunda metade do século XIX· Objetividade
· Verossimilhança
· Racionalismo (análise psicológica e social)
· Predomínio do urbano
· Busca da perfeição formal
Naturalismo
(prosa)
Segunda metade do século XIXTodas as características do Realismo mais:
· Cientificismo (adoção de "leis científicas" que determinam os personagens)
Parnasianismo
(poesia)
Duas últimas décadas do século XIX· Objetividade e impassibilidade
· Teoria da Arte pela Arte (Verdade = Beleza = Forma)
· Perfeição formal: métrica e rima
· Temática (descrição de objetos e Antigüidade greco-romana)
Simbolismo
(poesia)
Última década do século XIX· Subjetivismo
· Nova linguagem poética (sugestão, musicalidade, vaguidade)
· Utilização de símbolos e metáforas
· Culto do mistério
· Religiosidade mística
Pré-Modernismo
(prosa e poesia)
Duas primeiras décadas do século XX· Mescla de estilos e temas
· Preocupação social
Modernismo
(prosa e poesia)
1922 - ?· Liberdade absoluta de expressão
· Valorização do cotidiano
· Linguagem coloquial
· Paródia e verso livre
· Ausência de fronteira entre os gêneros
· Nacionalismo crítico e irônico
Créditos:http://educaterra.terra.com.br/literatura/temadomes/temadomes_conceitosbasicos_6.htm

Proposta de leitura e interpretação para o 9º Ano:



Infância
A Abgar Renault
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras.
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu...Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro...que fundo!

Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

Para a introdução em estudos literários é necessário uma definição de que Literatura é uma Arte.


Confira uma crônica que fiz sobre a diferença entre a Arte e o Entretenimento:
Arte e Entretenimento





Fabiano Fernandes Garcez

Existe uma linha que separa arte e entretenimento? Não quero entrar em discussões filosóficas, mesmo porque até hoje não se tem uma definição de arte, então pegarei esta: É a representação do ser humano por meio da música, escultura, pintura, dança, literatura, cinema ou teatro para expressar suas emoções, seus sentimentos, sua história, sua cultura, com uma preocupação estética (beleza, harmonia e equilíbrio). O entretenimento é, segundo o Aulete digital, a ação ou o resultado de distrair-se.

Com isso, podemos dizer que arte é a produção de algo sob uma estética por um meio, e entretenimento se dá ao ver, assistir ou interagir com o objeto artístico. Certo? Errado. Não é bem assim, não. Para se ter arte é preciso que haja uma utilidade, - apesar de muitos afirmarem que arte não serve para nada -, utilidade que é a reflexão, a sensibilização, a transformação do espectador. Ficar olhando o teto ou o chão é distrair-se, pode se considerar entretenimento.
O grande problema de hoje em dia é a tentativa da mídia em querer misturar e vender entretenimento por arte. Uma peça de teatro, cuja única preocupação, é vender bilhetes e que para isso o texto apareça recheado de piadinhas estereotipadas, não é arte, ou um livro, cujo enredo sirva apenas para comover os leitores com amores baratos e piegas, também não é arte, assim como não é arte o filme recheado de tiros, batidas de carros, explosões, e por aí vai...
Cheguei a uma conclusão, juntamente com meus alunos, aquilo que é feito para te ajudar a esquecer, por um curto período que seja, de um dia de trabalho cansativo ou algo assim é entretenimento, aquilo que é feito para te fazer pensar, refletir, avaliar, reavaliar a sociedade, o mundo e até você mesmo é arte.

RENASCIMENTO





O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização européia que se desenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver a antiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos progressos e incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, que superaram a herança clássica. O ideal do humanismo foi sem duvida o móvel desse progresso e tornou-se o próprio espírito do Renascimento. Trata-se de uma volta deliberada, que propunha a ressurreição consciente (o re-nascimento) do passado, considerado agora como fonte de inspiração e modelo de civilização. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido como a valorização do homem (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média.

Características gerais:


* Racionalidade
* Dignidade do Ser Humano
* Rigor Científico
* Ideal Humanista
* Reutilização das artes greco-romana




PINTURA

Principais características:


* Perspectiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as diversas distâncias e proporções que têm entre si os objetos vistos à distância, segundo os princípios da matemática e da geometria.
* Uso do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra, esse jogo de contrastes reforça a sugestão de volume dos corpos.
* Realismo: o artistas do Renascimento não vê mais o homem como simples observador do mundo que expressa a grandeza de Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio Deus. E o mundo é pensado como uma realidade a ser compreendida cientificamente, e não apenas admirada.
* Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo.
* Tanto a pintura como a escultura que antes apareciam quase que exclusivamente como detalhes de obras arquitetônicas, tornam-se manifestações independentes.
* Surgimento de artistas com um estilo pessoal, diferente dos demais, já que o período é marcado pelo ideal de liberdade e, conseqüentemente, pelo individualismo.


Os principais pintores foram:


Botticelli - os temas de seus quadros foram escolhidos segundo a possibilidade que lhe proporcionavam de expressar seu ideal de beleza. Para ele, a beleza estava associada ao ideal cristão. Por isso, as figuras humanas de seus quadros são belas porque manifestam a graça divina, e, ao mesmo tempo, melancólicas porque supõem que perderam esse dom de Deus.




Leonardo da Vinci - ele dominou com sabedoria um jogo expressivo de luz e sombra, gerador de uma atmosfera que parte da realidade mas estimula a imaginação do observador. Foi possuidor de um espírito versátil que o tornou capaz de pesquisar e realizar trabalhos em diversos campos do conhecimento humano.





Michelângelo - entre 1508 e 1512 trabalhou na pintura do teto da Capela Sistina, no Vaticano. Para essa capela, concebeu e realizou grande número de cenas do Antigo Testamento. Dentre tantas que expressam a genialidade do artista, uma particularmente representativa é a criação do homem.


Rafael - suas obras comunicam ao observador um sentimento de ordem e segurança, pois os elementos que compõem seus quadros são dispostos em espaços amplo, claros e de acordo com uma simetria equilibrada. Foi considerado grande pintor de “Madonas”.






ESCULTURA



Em meados do século XV, com a volta dos papas de Avinhão para Roma, esta adquire o seu prestígio. Protetores das artes, os papas deixam o palácio de Latrão e passam a residir no Vaticano. Ali, grandes escultores se revelam, o maior dos quais é Michelângelo, que domina toda a escultura italiana do século XVI. Algumas obras: Moisés, Davi (4,10m) e Pietá.
Outro grande escultor desse período foi Andrea del Verrochio. Trabalhou em ourivesaria e esse fato acabou influenciando sua escultura.







Principais Características:



* Buscavam representar o homem tal como ele é na realidade
* Proporção da figura mantendo a sua relação com a realidade
* Profundidade e perspectiva
* Estudo do corpo e do caráter humano



O Renascimento Italiano se espalha pela Europa, trazendo novos artistas que nacionalizaram as idéias italianas. São eles:

* Dürer * Hans Holbein
* Bosch * Bruegel





Para seu conhecimento:


- A Capela Sistina foi construída por ordem de Sisto IV (retangular 40 x 13 x 20 altura). E é na própria Capela que se faz o Conclave: reunião com os cardeais após a morte do Papa para proceder a eleição do próximo. Lareira que produz fumaça negra - que o Papa ainda não foi escolhido; fumaça branca - que o Papa acaba de ser escolhido, avisa o povo na Praça de São Pedro, no Vaticano.


- Michelângelo dominou a escultura e o desenho do corpo humano maravilhosamente bem, pois tendo dissecado cadáveres por muito tempo, assim como Leonardo da Vinci, sabia exatamente a posição de cada músculo, cada tendão, cada veia.

- Além de pintor, Leonardo da Vinci, foi grande inventor. Dentre as suas invenções estão: “Parafuso Aéreo”, primitiva versão do helicóptero, a ponte elevadiça, o escafandro, um modelo de asa-delta, etc.

- Quando deparamos com o quadro da famosa MONALISA não conseguimos desgrudar os olhos do seu olhar, parece que ele nos persegue. Por que acontece isso? Será que seus olhos podem se mexer?



Este quadro foi pintado, pelo famoso artista e inventor italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) e qual será o truque que ele usou para dar esse efeito? Quando se pinta uma pessoa olhando para a frente (olhando diretamente para o espectador) tem-se a impressão que o personagem do quadro fixa seu olhar em todos. Isso acontece porque os quadros são lisos. Se olharmos para a Monalisa de um ou de outro lado estaremos vendo-a sempre com os olhos e a ponta do nariz para a frente e não poderemos ver o lado do seu rosto. Aí está o truque em qualquer ângulo que se olhe a Monalisa a veremos sempre de frente.


Créditos:http://www.historiadaarte.com.br/renascimento.html

Confira uma vídeo-aula da Tv Cultura sobre o Renascimento:



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